Paulo Werneck
Sei que tenho um projeto razoavelmente bem definido de pesquisa, mas a curiosidade é maior que a disciplina e comprei o parece-me (estou ainda nas páginas iniciais) excelente livro "Roma e o Oriente Distante", de Raoul McLaughin (São Paulo, SP: Rosari, 2012), sobre as rotas comerciais entre Roma, Arábia, Índia e China nos inícios da era cristã.
No primeiro capítulo o autor traça um panorama das fontes documentais e arqueológicas ora disponíveis sobre esse tema e aproveita para citar o que poderíamos denominar um despacho aduaneiro, registrado num óstraco, um fragmento de argila, possivelmente emitido por Rhobaos, autoridade aduaneira, em Coptos, uma cidade às margens do Nilo, para ser entregue pelo mercador em Berenice, porto egípcio no Mar Vermelho, comprovando o recolhimento dos tributos. Diz o texto:
Rhobaos para os encarregados do portão da Alfândega, saudações. Deixar Psenorisis filho de Leon passar com oito italikas de vinho para carregamento.
Italika era um tipo de ânfora, segundo "Excavating Asian History: Interdisciplinary Studies in Archaeology and History", de Norman Yoffee e Bradley L. Crowell.
Qual a aparência de um óstraco? A seguir temos um exemplo, também um documento tributário, porém de outra região:
Qual a aparência de um óstraco? A seguir temos um exemplo, também um documento tributário, porém de outra região:
Ostraco: recibo grego de pagamento de tributo
Fonte: www.lib.umich.edu/papyrus-collection/ancient-writing-materials-ostraka
